quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O fim em outra vida


Quando do por do Sol, conversas e regozijo, mais um dia de batalha, mais um dia vivos, mesmo com a guerra  batendo a porta.
Ainda temerosos, coração apertado, a espera infindável daqueles que clamam pelo fim.

Na cozinha, o jantar era preparado, uma noite gloriosa para todos, uma noite como a tempos não existia. No quarto, a indumentaria era tirada, a espada posta, a lança guardada, a armadura em seu lugar encostada.

O barulho da guerra, ainda perpetuava, do lado de fora, uma breve trégua para recolher os mortos, corpos daqueles que entregaram sua vidas em lealdade.

Sua alma morria a cada amanhecer, na certeza de que seu amado à guerra sairia, da porta ela o olharia, espada embainhada, lança na mão. E se enchia de alegria quando pela mesma porta o via retornar, as feridas dele, doíam em sua carne, como se fossem na própria.

Explosão irromperam pela noite calma, misturando aos gritos de pavor, choro e lamentação. Como um bom general, ele já se preparava para a peleja, novamente ela sentia seu coração se quebrar, não imaginava que aquele jantar jamais seria servido.

Seus olhos se entristeceram, banhando seu rosto com lagrimas enquanto nos dele estampavam a dor de deixa-la mais uma vez, para quem sabe não mais voltar, mas o calor da batalha queimava sua pele, era seu dever ir até lá.

As explosões ficaram mais próximas; próximas demais! Sulcos começaram  a aparecer na madeira quando de repente a porta era derrubada. EMBOSCADA!

Eles vieram atras do seu general, eles sabiam que ela era a sua unica fraqueza e ele, era tudo o que ela tinha. Vários homens invadiram a casa, todos com armas em punho. Assustados, pegos de surpresa, seguravam-no por cordas, o prendendo longe, impossibilitando-o de defende-la, enquanto tentavam detê-lo, dois homens a apanharam, indefesa, ela se debatia, na pequena esperança de conseguir soltar-se e ajudar seu amado. Tentando com todas as suas forças protege-lo, tentativa vã.

Pelos braços a seguravam, um com a adaga na mão, preparado para golpeá-la, a raiva faiscava nos olhos dele, machucavam o seu maior tesouro.

Ela tinha certeza de que ali seria o fim, mas não poderia suportar ver tirarem a vida de seu amado. Aceitando o seu destino, por um estante aquetou-se, ele ainda brigava com seus perseguidores, o silencio encheu a sala, ela conseguiu se soltar, quase que por um milagre, correndo então para ajudar seu amado, jogando-se em seus braços. Pegou o punhal de um dos homens, conseguindo corta uma das cordas que prendiam sua vida, a vida dele.

Partindo em sua direção, ele consegue se libertar, desvincilhando-se das cordas que o atrapalhavam de proteger a sua amada, mas o preço da coragem fora muito alto. Ele não conseguiu chegar a tempo, o punhal por outro arremessado acertou seu peito, faca destinada para ele.

A surpresa atravessando seu rosto, ele não podia imaginar que tomaria seu lugar na morte, nada mais importava, saindo então ao seu encontro ele se joga contra seus inimigos.

O ódio transformando seu semblante sempre doce, calmo e severo, quando novos gritos ecoaram na sala, não tinha percebido porque gritava, até ver a lamina atravessando seu corpo, destroçando seu coração. Um dos homens conseguira se levantar, pegando a espada, atacou onde sabia que mais doeria, impiedoso ele mais uma vez correu em sua direção, matando a todos em seu caminho, sangue e morte espalhadas por toda a casa, o tilintar de espadas se chocando, sentia a vida se esvaindo.

O rosto transtornado de seu amado era o que mais doía, sobrepunha a dor que a lamina da espada e do punhal causavam, ver seu guerreiro ir de encontro a morte,etão, lembrou-se de como foi na primeira vez. Sorriu, engraçado lembrar do começo no fim, a noite estrelada debaixo da cerejeira em flor, um beijo proibido roubado.

Depois de largar a espada que empunhava, ele a tomou em seus braços, ela já não sentia dor, os olhos já sem brilho, os lábios dele quente nos seus que já esfriavam, um beijo selou sua morte e sobre seu corpo ele jurou vingança e ela jurou voltar para reencontra-lo em outra vida.

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