sábado, 16 de outubro de 2010

Saudade


SAUDADE!
Uma saudade enorme, imensurável, desproporcional até a distancia que nos separa algo de tamanho incontável, que explode e estilhaça em meu peito, chegando a destruir meu coração.
Malditas alcoviteiras do destino, brincam com nossas vidas, nos dando lapsos de suas visões, perscrutando nossos sonhos, nos fazendo sentir à falta que afunda e circunda o coração, escurecendo, o fazendo bater descompassado, apertado, sentido e machucado.
Cruel realidade, que nos revela o quão demorado será nosso encontro, o quão curto comparado ao nosso desejo, e o quão maravilhoso será o domínio da paixão sobre nós. O poder exercido da atração corpórea que nos une, do ritmo do coração batendo em uníssono que nos embala, da falta que embota a mente, dos poucos critérios da alma.
Magnífico será o dia em que não precisarei te deixar a uma distancia intransponível, magnífico será o dia em que apenas te direi “ate logo”, magnífico será o dia em que eu puder te dizer o que toma meu coração, e proferi-lo da forma mais explicita, sem conjecturas e insinuações.
Os impulsos que me levam a querer ouvir a tua voz, o arrepio que percorre meu corpo quando ainda em sonhos, relembro o teu toque, o teu corpo junto ao meu, estranho me sentir assim.
Confessarei a ti, que por agora tenho fé que isso baste que, não me demoro a compreender o que se passa dentro do meu peito, que me faz assim, meio sem jeito, me levando a cometer loucuras, mas vejo no brilho dos teus olhos, no reflexo da tua alma, no teu jeito, que você é exatamente o que eu procurava.
Difícil dizer isso assim, sem um parâmetro estabelecido, sem uma denominação especificada, mas em meu coração explode uma vontade incontrolável de te dizer...
Fizeste de forma tão simplória, displicente, até mesmo inocente, que minhas defesas, minhas barreiras caíssem de forma tão infantil, por terra se foram, baixou minha guarda, se apoderou de minha alma. Aprisionou meu coração e de mim tomou a própria vontade, me mantendo de acordo com teus desejos. Honrosa vitória tua.
Em tempos se travam verdadeiras lutas, batalhas em nome do que fizeste em poucos minutos, como medusa na mitologia, me transformaste em estatua apenas com o brilho dos teus olhos, e como tritão tua voz me encantou, tirou de mim o medo e assim me levou.
Nunca imaginei que poderia me sentir assim, você tirou parte de mim e ainda assim me sinto plena.
Sondo-me, tentando entender a que diabo devo isso, quando novamente a realidade se faz presente, a cada palpitação sinto reverberar em mim o desejo de tê-lo novamente.
Muito tempo que não sei o que é se sentir assim, ha muito tempo abri mão dessa aflição, desse medo, dessa ternura, do calor que inunda quando apenas se toca no nome de quem se deseja.
Maldita essa vida bandida, que abusa da carência e estraçalha o coração daqueles que sentem, mas que de alguma forma ainda se mantém separados.
Adoraria fazer parte de ti, como já fazes parte de mim, ser o anjo que te carrega nas asas, ser o caminho que te guia ser a vontade que te impulsiona.
Amaldiçôo o dia em que essas alcoviteiras malditas, bruxas do inferno brincaram desta forma, o tornando parte de mim e o afastando assim, por empecilhos materiais, por coisas vãs, por valores.
Agradeço e abençôo o dia em que elas tramaram em nosso favor, colocando-o em minha vida, me devolvendo aquilo que já havia perdido.
Devolvendo-me o amor, o ardor, o calor no peito, o arrepio da pele, o desejo da alma, a paixão, a vontade insaciável e incansável de você.
Cuide do presente que colocaram em tuas mãos, é frágil, não deixe que o quebrem, seja zeloso e preze pela nobreza do que há nele, se quiseres posso fazer o mesmo por ti, basta dizer que sim. Da mesma forma que sem querer me entreguei a ti, que com relutância deixei minha emoção me guiar, siga a tua intuição, de a mim como dei a ti, o meu coração.
Entrego-me a ti, como ovelha pura para o holocausto, seja sábio, use esse sangue em purificação do teu espírito, da tua alma e de nossos corações.
Assim, unidos permaneceremos, mesmo na distancia estarei ao teu lado e assim seguiremos, até o dia em que o adeus não fará parte de nossas vidas.


Maya França (São Paulo - SP) 

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